Golias acabou vivendo sob vendavais portuguêses …

Golias acabou vivendo sob vendavais portuguêses …

Vou descrever uma ponte, fazer uma descrição
Meu Deus! Estando com pressa, que tentação

Uma ponte que pisei só seis meses antes
Lá no topo, vendo milagres relevantes….

Gotas acumuladas, lagos em cima da corrente
A tempestade furiosa, salve-se o valente

Para baixo na margem viajantes tranquilos
Só os portuenses sabendo dos kilos

Kilos que pesam sobre as lendas dos gigantes
Dor que arde como as verdades filtrantes

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Poema improvisado / free style, por yamín ben hardouze o zorro social
-24-03-2017-

Ponte Dom Luís I. no Porto

Uma dança entre forças e poesia que desperta os sentidos

Tendo muitas boas lembranças das minhas últimas férias, ainda muito presentes na minha cabeça, decidi que vou formular para vocês uma metáfora em fantasia de artigo jornalístico. Vou fazer isto aplicando o instrumento estilístico da descrição subjetiva; naturalmente meus leitores já são conscientes de que toda descrição é sempre subjetiva.

Hoje lhes vou levar a um lugar que eu pude conhecer há uns meses atrás e que me deu um sentimento agridoce, contudo, também uma sensação muito interessante. Aqui lhes apresento a ponte de Dom Luís I., localizada na segunda maior cidade de Portugal – o Porto. Este retrato de uma construção colossal e das beiras de um rio cuja foz pertence ao Patrimônio da Humanidade da UNESCO, nasce no musgo da minha própria memória e flui desde lá revelando ainda imagens muito vivas. Impressões que sinto hoje, ao reproduzi-las, quase tão intensas como naquele dia em finais de setembro do passado ano de 2016, na minha visita à cidade do Porto, atravessando Dom Luís I. pela primeira vez na minha vida.

A ponte denominada pelo rei português Dom Luís I. – monarca lusitano entre 1861 e 1889 – é localizada ao sul da cidade e representa a fronteira natural da segunda metrópole do País, nas margens do rio Douro. Ao outro lado da corrente se encontra a cidade gêmea do Porto, Vila Nova de Gaia que é ligada por Dom Luís I., construção férrea que domina aquelas forças aquáticas já desde o ano 1886. A primeira impressão que esta ponte me deu ao descubri-la, foi uma sensação de ‘nanismo’ porque sua armação só pode ser descrita com um adjetivo de superlativo: ‘Monstruosa’!  É uma ponte tão alta – 395 metros no seu andar mais alto – que lhe dá vertigem ao tentar focar seu olhar no cume dela. Ao meu ver, este imperador arcaico tornado em nexo entre duas cidades, tem boas chances de resistir ao menos outros 130 anos às correntes do rio Douro e das tempestades receadas do norte de Portugal.

Na imagem que vocês veem neste artigo a cor da ponte parece ser azul claro ou até mesmo prata brilhante. Porém a construção não tinha esta cor em finais de setembro do ano passado, quando eu recebi minha audiência com o Dom Luís I. Os setembros em Portugal costumam ser muito soalheiros e agradáveis – e eu recomendo aos meus leitores do Brasil visitar o País luso preferivelmente nos meses de agosto ou setembro para se escapar do inverno sul-americano – infelizmente fazia muito mau clima naquele setembro, portanto eu tinha que aguentar uma semana muito cinzenta e chuvosa.

Um Colosso cuja magia alimenta esperanças mas também acaba com elas

A tonalidade escura que este clima dava à ponte converteu esta construção – bela nos meses da primavera e do verão – em um gigante aterrorizado. E depois de me enfrentar corporal- e mentalmente com este colosso pardo pelo menos por um quarto de hora, acabei ficando realmente pensativo quando uma portuense – que trabalhava em uma loja de artigos para turistas na beira do rio – me contou que é comum que muitos dos ‘tripeiros’ (sinónimo para portuense) que sofrem de depressão costumam despenhar-se desta ponte majestosa procurando ‘liberar-se’ desta maneira dos obstáculos da vida. Sobretudo na escuridão dos dias hibernais, como me disse a vendedora. Dias de vento fustigando, dias de chuvas fortes, em fim dias cinzentos como aquilo dia do setembro que eu experimentei. O dia que anunciou o início da temporada do frio na cidade de Porto; bela e misteriosa ao mesmo tempo, pérola do norte do sudoeste da Europa, um lugar que é com certeza menos brilhante que a capital Lisboa, mas o Porto também tem seu charme especial!

Antes de atravessar o gigante virei minhas costas ao Dom Luís I., só para uns instantes, para contemplar as fachadas coloridas dos prédios nas margens do Douro que davam o contraste perfeito em relação às cores pardas da ponte e do céu. Eram apartamentos de moradores afortunados que gozavam de uma vida à beira do rio, tendo uma vista espetacular nas quatro estações como me imaginava neste momento. Tornando minha perspectiva novamente para a enorme construção metálica me dei conta da bipolaridade da ponte, dado que tinha duas vias de transportação, só separadas por um arco pitoresco na metade de tudo, uma no topo do esqueleto e a outra nos pés deste Golias arquitetônico do século XIX. Tanto no cume como na base havia trânsito; abaixo se encontrava a rua automobilística e no topo estava o espaço para a linha D do metrô portuense. Os pedestres tinham acesso aos dois níveis. Caminhando pela via baixa – estando totalmente molhado dos pés para a cabeça, por culpa das chuvas diluvianas – era quase capaz de visualizar com meus olhos já os primeiros contornos da gêmea do Porto, Vila Nova de Gaia. Devo dizer ‘quase’ pela neblina que cobria as duas cidades como se tivesse sido um véu, posto pelos amargurados deuses do tempo neste início do outono português; aquele dia de setembro na caverna úmida do Golias metálico.

Texto / Copyright por Yamin Ben Hardouze-ZORRO SOCIAL

Foto exraída da Wikipedia – A enciclopédia livre. Link: Por Małgorzata Kaczor – Obra do próprio, CC BY 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7744513

2 thoughts on “Golias acabou vivendo sob vendavais portuguêses …

  1. 🙂 Muito obrigado pelo comentário interessante Mauricio 🙂 .. Espero que para você conhecer a cidade de Porto, com seus moradores que sempre continuam sendo otimistas – a pesar dos vendavais comuns – , também fosse tão instrutivo como para mim ** continue lendo a cobertura investigativa de https://zorrosocial.wordpress.com #!!! ThX.aLot…

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